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Mapuches



Décimo primeiro dia
Sábado, 13 de fevereiro de 2010
De Villarrica (Chile)
A Junin de los Andes (Argentina)
Distância: 184 km
Culinária Mapuche
      Queríamos sair bem cedo do hotel para chegarmos no início da tarde na cidade argentina de Junin de los Andes, porém, mais uma vez a moto do Thiago não funcionou, perdemos mais duas horas antes de iniciar o trajeto do dia. Finalmente saímos.
      Assim como toda esta região do Chile, a estrada que pegamos também era muito bonita, subimos por ela em direção a Kurarrehue, cidade chilena que herdou traços do povo Mapuche, antigos habitantes desta região. 
           Na estrada uma placa com os dizeres “Cosina Mapuche” nos convidava para almoçar, em uma pequena cabana de madeira a beira de um rio, saboreamos uma típica comida indígena, a base de vegetais, finalizamos a refeição com um café de trigo.       









                                                                                  Kurarrehue - (Cordilheira dos Andes/Chile)
                                                              
                                                                                     






















 
       Refeitos e já na estrada, agora continuamos subindo a cordilheira dos Andes, por uma estrada de rípio, um trecho bem ruim, mas que em nenhum momento ofereceu obstáculos para nossas Falcons e XTZs. Terra, pedras e barro em meio a muitas curvas e subidas ingrímes não tinham nenhum significado se comparados com a exuberância da natureza a nossa volta, somente o Fábio teve um problema ao “estourar” a suspensão dianteira de sua XTZ numa pedra da estrada, pois com o impacto um retentor de óleo rompeu. Alguns quilometros mais adiante e já estávamos chegando ao Paso Mamuil Malal, fronteira do Chile com a Argentina, podíamos agora avistar o majestoso vulcão Lanin, coberto de neve.


                                    estrada de rípio (fronteira Chile/Argentina)



  














   
       Na aduana uma longa fila de veículos se formava para cruzar para o outro país, ao passarmos no guiche da migração argentina não recebemos o tal carimbo que permite a nossa estada como turistas, o funcionário afirmou que não seria necessário, pois estávamos registrados no sistema informatizado, ficamos um pouco apreensivos, será que não teremos problemas mais tarde ao sair da Argentina? 


                                                                                           Vulcão Lanin (Argentina)


Seguimos então ao nosso destino do dia: Junin de los Andes, onde chegamos ao entardecer, pernoitamos em um albergue “meia boca”, que mais parecia um daqueles hotéis de filme de bang bang, estava frio na pequena cidade da Patagônia argentina, a proprietária nos contou que no inverno a temperatura pode descer aos 18º C negativos, sorte a nossa que ainda é verão. Para amanhã o objetivo é fazer um grande quilometragem, 800 km até Santa Rosa.




Décimo segundo dia
Domingo, 14 de fevereiro de 2010.
De Junin de los Andes a Neuquén e General Acha (Argentina)
Distância: 800 km
Viajando pela pampa argentina
      Levantamos muito cedo, ainda estava escuro quando começamos a colocar as bagagens nas motos, o Paulo preferiu ficar mais algum tempo nesta região, queria ir a San Martin de los Andes para fazer turismo. Agora éramos um grupo de cinco motociclistas, fazia um frio de 4º C, próximo ao albergue ainda era possível ouvir música vinda de um baile, em frente às motos avistei uma velha caminhoneta Toyota estacionada, sem os vidros traseiros, enquanto “la Negra” aquecia seu motor, por curiosidade fui olhar o veículo e para minha surpresa e dos demais vimos duas crianças dormindo no seu interior, em seguida um casal se aproximou e foram todos embora. Enquanto isso a moto do mineiro protagonizava mais uma cena de pura rebeldia,  vários minutos depois estávamos indo para a estrada. Quando começamos a rodar naquela gelada manhã, o termômetro fixado na minha moto baixou para 0.6º C negativo, mas pouco a pouco o sol começava a despontar no horizonte e no meio da manhã o clima já estava mais morno, no início da tarde já estávamos tirando algumas peças de roupa, lembrando o ato de descascar cebolas.

           -0.6 ºC em Junin de los Andes (Argentina)

   Estávamos agora na estepe patagônica, rodávamos por um pequeno trecho da lendária ruta 40, estrada com 5.000 km de extenção, tendo uma extremidade próxima a Bolívia e a outra quase em Ushuaia, no extremo sul do continente americano cortando a  Argentina de norte a sul. Por volta das 12 horas estávamos em Neuquén, cidade petrolífera localizada no vale do Rio Negro, abastecemos, almoçamos e nos preparamos para a tarde, pois iríamos viajar por uma grande extensão de deserto, numa região chamada La Pampa. Logo que saímos do posto de combustíveis aconteceu um desencontro no grupo, fato que faria com que rodássemos separados até o final do dia, foi assim:

                                                                                                           Ruta 40


      A partir daquele ponto tínhamos tres opções de estradas para chegar a Santa Rosa, duas eram mais desertas e uma muito movimentada, com intenso tráfego de caminhões tanque, portanto, esta era a menos indicada para nós, meu GPS já estava programado para nos orientar pela ruta 20, eu iria à frente para guiar o grupo, porém os companheiros não se deram conta deste detalhe e saíram na frente, seguindo exatamente pela estrada errada, o tráfego era intenso e por isso não consegui alcançá-los perdendo-os de vista, só consegui contato com o Thiago, que estava mais próximo, naquela situação, me vi obrigado a retornar e seguir as indicações do GPS.
      Saímos de Neuquén e entramos no deserto, o restante seguiu por outra estrada, fiquei preocupado, só restava a esperança de encontrá-los a noite em Santa rosa. Agora o problema era outro: a escassez de postos de combustível nesta estrada, precisei levar a moto na “ponta dos dedos” para que ela não me deixasse sem gasolina. No meio da tarde achei melhor não irmos mais para Santa Rosa, pois ainda tinha muito chão pela frente e corríamos o risco de adentrar a noite viajando, optei então em pernoitar em General Acha, única cidade que encontrei no mapa desta região. Às 22 horas já estávamos na cidade a procura de hospedagem, por uma feliz coincidência nossos amigos, que haviam se “desgarrado” também entraram na cidade para descansar, agora juntos novamente jantamos e voltamos para o hotel para um merecido descanso depois de quase 900 km de viagem.

























Motoviagem ao Chile (1ª parte) Porto Alegre (Brasil) a Mendoza (Argentina)

2ª parte - Mendoza (Argentina) a Viña del Mar (Chile)

3ª parte - Viña de Mar (Chile) a Pucón (Chile)

4ª parte - Pucón (Chile) a Porto Alegre (Brasil)