Translate

Mergulho no Pacífico





Sétimo dia
Terça feira, 09 de fevereiro de 2010-06-04
De Viña del Mar a El Quisco (Chile)
Distância: 140 km

     

 
Perdemos toda a manhã comprando moeda e trocando o óleo das motos, em razão deste e dos atrasos dos dias anteriores resolvemos alterar nosso cronograma de viagem remanejando os próximos destinos. Hoje é o dia de eu cumprir uma promessa feita no início da viagem: quando comecei a idealizar esta aventura, entre outras coisas resolvi que ao chegar no Chile procuraria uma praia e daria um mergulho nas águas do Pacífico, não me importando com o clima ou a temperatura da água, que dizem ser bem gelada, eis que chega o momento de cumprir o prometido. Resolvemos procurar uma prainha mais tranqüila, saímos de Viña del Mar, passamos por Valparaiso e seguimos costeando o mar até chegar a uma praia chamada Alcarrobo, muitas pessoas na areia, quase ninguém no mar, será que era porque a água estava muito fria? Estacionamos as motos, em um vestiário público eu o Lebai e o Thiago trocamos nossas roupas de viagem por calções de banho, o resto da galera não quis ou não teve coragem para entrar no “marzão”, o mineiro vestiu uma inocente sunga verde, que imediatamente atraiu a atenção dos nativos, alguns tiravam fotos enquanto outros davam risadinhas abafadas, tudo bem, não estávamos “nem aí” para o povo, nosso objetivo era entrar no mar e foi isso que fizemos, sob o olhar atento dos demais companheiros. A água, não precisa nem dizer, estava muuuito gelada, o mar revolto e traiçoeiro, a areia repleta de algas, mas a promessa cumprida.











    Como era época de veraneio, os hotéis e pousadas estavam lotados, continuamos procurando lugar para passar a noite quando em El Quisco encontramos uma simpática pousada a beira mar, antes de nos acomodarmos registramos em nossas câmeras um espetacular por do sol no Oceano Pacífico.





























































Oitavo dia
Quarta feira, 10 de fevereiro de 2010.
De El Quisco a Temuco (Chile)
Distância: 750 km
Turista brasileiro perdido em Temuco
      Acordamos bem cedo, era uma manhã fria, tomamos o café e partimos em direção a Carretera Panamericana, com destino a Temuco. A Ruta 5 é uma ótima auto-estrada mas paga-se muito para andar por ela, são muitas as praças de pedágio onde as motocicletas também pagam, também tivemos que pagar para usar os sanitários dos postos de combustíveis, mas é uma bela rodovia. A tarde, a medida que nos aproximávamos da região dos lagos chilenos era possível avistar no horizonte, bem ao longe, algumas montanhas nevadas, certamente entre elas alguns vulcões, belo visual!
  


      Já na estrada de acesso a cidade de Temuco, observamos alguns veículos estacionados no acostamento, com cartazes oferecendo pousadas e hotéis, escolhemos um que nos levou a uma família que disponibilizava uma pequena cabana para turistas por um módico preço. Tres quartos, uma sala, uma cozinha e um sanitário, ótimo lugar para sete motociclistas prepararem um bom jantar acompanhado de um vinho chileno e então descansarem, após 750 km de estrada.
      Porém hoje o destino nos pregou uma “peça”, pois aconteceu um fato que, se não fosse dramático seria até engraçado, foi assim:
      Estacionamos as motos no pátio e nos espalhamos, tínhamos por objetivo sair pela cidade para comprar o jantar, alguns saíram em direção ao mercado, outros em direção a um shopping nas proximidades, eu decidi procurar um locutório (gabines com telefones públicos) para ligar para a família no Brasil, acompanhado pelo mineiro segui até o Shopping Temuco, já era noite quando então  decidi voltar para a pousada, ele preferiu ficar mais um pouco, ao sair do shopping me dei conta que não havia pegado o endereço da pousada, a partir daí começou a mais longa e dramática noite ocorrida nesta viagem.
      Ainda com a mesma roupa da viagem, de botas e joelheiras, agora eu caminhava pela noite de Temuco a procura da pousada e de meus amigos, a medida que o tempo passava eu percebia que aquela sensação inicial de que seria fácil achar a pousada ia dando lugar a certeza que eu havia me perdido, durante quase três horas caminhei pelas proximidades do shopping até que, meu ânimo deu lugar ao cansaço, passava das 24 horas quando desisti de procurar e  resolvi achar outro lugar para passar a noite, encontrei uma pequena hospedaria, a dona ao me ver com aquela roupa e àquela hora do noite tratou de dizer que não haviam vagas,  eu, num sofrido portunhol tentei explicar que era um perdido turista brasileiro a procura de pouso, depois de muito insistir ela acabou cedendo e me deixou entrar, deitei com roupa e tudo, só tirei as botas, se  ao menos estivesse com a moto e o GPS seria bem mais fácil, hehehehe. Dormi preocupado com meus companheiros que a esta altura deveriam estar desnorteados a minha procura, mas amanhã, com a luz do dia certamente esta situação deve se resolver.
     Amanheceu, voltei a minha peregrinação, novamente as horas iam passando e tudo continuava como na noite anterior, resolvi ficar parado em um lugar fixo do lado externo do shopping, pois esse era nosso acordo para casos de desencontro, quando nos perdêssemos uns dos outros deveríamos voltar ao último lugar que o grupo esteve para reagrupar. Às 10 horas avistei a moto do Fábio, certamente eles estavam me procurando, passou no outro lado da avenida, gritei mas ele não me ouviu, me lembrei dos filmes de náufragos, onde o coitado tenta chamar a atenção de um distante barco ou avião e  não surte nenhum efeito, permaneci mais de uma hora naquele local, a situação era delicada. Avistei então o Fernando, finalmente o drama havia terminado, na pousada a galera fica feliz em me ver novamente, alguns haviam pensado no pior, registraram um boletim de ocorrência na policia e deram entrevistas a rádio local, outros procuravam em valas por um corpo estirado, viaturas dos Carabineros de Chile faziam buscas, a TV chilena informava sobre o desaparecimento de um turista brasileiro em Temuco, finalmente tudo bem! Que noite, que “roubada”. Neste momento estou me esforçando para deletar da memória minha  passagem por Temuco, hehehehehe!










Motoviagem ao Chile (1ª parte) Porto Alegre (Brasil) a Mendoza (Argentina)

2ª parte - Mendoza (Argentina) a Viña del Mar (Chile)

3ª parte - Viña de Mar (Chile) a Pucón (Chile)

4ª parte - Pucón (Chile) a Porto Alegre (Brasil)